APRESENTADO POR GABRIEL MARQUES EM 21 de FEVEREIRO de 2021
Os esforços empreendidos por pessoas e organizações de direitos civis e sociais, embora tenham alcançado relevantes avanços no campo das políticas públicas, sobretudo aquelas visando eliminar o racismo e promover uma inclusão social cada vez mais ampla, não tem sido suficientes e as populações afetadas continuam a enfrentar a discriminação no seu dia a dia. Diante de um quadro social dramático com evidentes injustiças, vozes cada vez mais veementes tem se levantado em tons que demonstram menos e menos paciência e prontas ao enfrentamento nas ruas. Evidentes tem sido os flagrantes de agressões perpetradas seja por forças policiais, seja por seguranças em shoppings centers e supermercados contra a população negra.
A lei pode punir os agressores e se ajustar à realidade para tentar prevenir tais repetidas violações, mas não pode mudar os corações, onde há muito se encontra enraizado alguns destes preconceitos centenários. É aqui neste recôndito mais profundo onde as raízes da motivação precisam ser tocadas e as principais mudanças devam ocorrer, apoiadas por uma visão clara da unicidade de todo o gênero humano e sustentadas por princípios que valorizem esta compreensão de pertencimento a uma única família global e que promovam, ao mesmo tempo, a beleza da diversidade humana e cultural.
E desde que violência e civilização são valores incompatíveis, não é possível se alcançar a civilização almejada utilizando-se de meios violentos. Assim, enquanto – de um lado - se trabalha para o estabelecimento de uma legislação que garanta direitos igualitários e promova a justiça e a equidade, resguardando os interesses de populações historicamente excluídas do acesso aos benefícios disponíveis à sociedade em geral, torna-se urgente a construção de novas bases para a renovação dos marcos civilizatórios, sobretudo no âmbito do coração humano.
Uma análise dos marcos da atual série de Planos Globais empreendidos pela comunidade Bahá’í ao redor do mundo irá revelar o estabelecimento gradual das bases para a superação não apenas do problema do racismo, da discriminação das mulheres e outros, mas aquelas que visam o desenvolvimento junto às raízes da população de valores e atitudes de apoio mútuo e de empoderamento das massas da humanidade, através do aumento de seu poder de expressão e de atividades de inclusão e participação comum nos destinos e construção de comunidade. Em um mundo onde a cada momento evidencia-se a desintegração moral e social, também é possível ver sinais claros de integração e construção. Alinhar-se aos esforços deste último processo, de modo consciente, torna-se tarefa urgente!
Gabriel Marques
Gabriel é publicitário e bacharel em direito, autor de livros na área racial e de vários artigos sobre o tema. É autor do livro: “Da Senzala à Unidade Racial: Uma Abordagem da Realidade Racial no Brasil”, Brasília: Planeta Paz, 1996.
Na área de desenvolvimento social, Gabriel coordenou o Projeto Casa Brasil -- projeto do Gov. Federal/CNPq (2005-2008), um projeto de inclusão social e digital, com ciência e tecnologia, foi também Coordenador pedagógico do Projeto “Trabalho Doméstico Cidadão”, vinculado SEPPIR – Sec. Esp. Promoção Políticas da Igualdade Racial. Iniciou e coordenou ao longo de 12 anos [1988-2001] Encontros Bahá’ís de Afrodescendentes: ambiente de estudo e reflexão sobre conceitos para o avanço da unidade racial; participou do processo brasileiro e sul-americano preparatório à Conferência Mundial contra o Racismo – África do Sul/ 2001, e na própria Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e temas correlatos (Durban, Africa do Sul, 2001), assim como do processo inicial de construção do Estatuto da Igualdade Racial.
Gabriel também serviu ao longo de 12 anos como membro do Corpo Continental de Conselheiros para as Américas, órgão da comunidade bahá’í; em trabalho de apoio as Assembleias Nacionais do continente, incluindo Conselhos Regionais e projetos de desenvolvimento social e econômico;
Desde 2011 tem servido na Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil, órgão superior de governança da Comunidade Bahá’í no Brasil.